Vícios de linguagem na Língua Portuguesa falada no Brasil: uma análise linguística
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Vícios de Linguagem sob a perspectiva linguística
A língua é um instrumento complexo e dinâmico, utilizado para a comunicação entre os indivíduos de uma sociedade. No entanto, é comum encontrarmos vícios de linguagem na língua portuguesa falada no Brasil, que podem comprometer a clareza e a efetividade da comunicação. Sob uma perspectiva linguística, podemos analisar esses vícios e compreender as razões pelas quais ocorrem.Um dos vícios mais recorrentes é o pleonasmo, que consiste na repetição desnecessária de palavras ou ideias na mesma frase. Embora pareça redundante, esse vício pode estar relacionado à busca pela ênfase e reafirmação, características marcantes da língua falada e da oralidade. Assim, ao utilizar expressões como subir para cima ou entrar para dentro, o falante busca enfatizar a direção e o sentido da ação.
Outro vício comum é a cacofonia, que ocorre quando as palavras utilizadas causam um desagradável som ao serem pronunciadas em sequência. Essa ocorrência pode ser entendida como uma dificuldade na seleção lexical, uma vez que a língua portuguesa é rica em fonemas e sua combinação pode gerar efeitos sonoros indesejados. Por exemplo, a sequência vi nove ou peixe xenofóbico apresentam cacofonia, dificultando a compreensão e a fluidez da comunicação.
A colocação pronominal também é alvo de vícios de linguagem no Brasil. Muitas vezes, é comum observar o uso incorreto dos pronomes pessoais na construção das frases. Esse vício pode ser explicado pela influência de outros processos linguísticos, como a mesóclise, que está cada vez mais em desuso. Por exemplo, a frase me dá o livro para eu ler é corretamente estruturada como dá-me o livro para eu ler, mas a colocação atual dos pronomes pode gerar o uso inadequado, ressaltando uma tendência à colocação pronominal posposta ao verbo.
O uso excessivo de gírias também é um vício de linguagem que pode afetar a clareza e a compreensão da comunicação. As gírias são expressões informais que surgem em determinados grupos sociais e podem ser restritas a eles. Quando utilizadas em contextos mais amplos, podem dificultar a compreensão entre diferentes faixas etárias e regiões do país. Isso ocorre devido à falta de familiaridade com essas expressões, resultando em um distanciamento comunicativo e possíveis mal entendidos.
Outro vício comum é o uso incorreto de palavras, seja por confusão de significados ou erros de acentuação, por exemplo. Esse vício pode ser resultado de uma falta de conhecimento lexical ou mesmo de influências regionais e educacionais. A falta de atenção na escolha adequada de palavras pode gerar imprecisões e até mesmo alterar o sentido da mensagem transmitida.
Além disso, destacamos o excesso de gerundismo, em que o gerúndio é utilizado de forma exagerada em substituição ao infinitivo. Esse vício pode estar relacionado à simplificação de estruturas verbais, uma vez que o gerúndio é mais fácil de ser utilizado na fala espontânea. Por exemplo, ao dizer estou indo em vez de vou, ocorre uma preferência pelo gerúndio.
Vícios de concordância também são frequentes na língua portuguesa falada no Brasil. Erros na concordância entre sujeito e verbo, ou entre pronome e antecedente, podem ser explicados por uma falta de familiaridade com as regras gramaticais ou até mesmo pela interferência de outros dialetos e variedades linguísticas presentes no país. Esses vícios podem prejudicar a harmonia e a compreensão da mensagem transmitida.
Por fim, a ambiguidade é outro vício de linguagem que merece atenção. Expressões ou construções que geram mais de uma interpretação podem ocasionar confusão e falta de clareza na comunicação. Esse vício pode ser resultado de uma escolha inadequada de palavras ou de uma estruturação mal elaborada da frase.
Em síntese, os vícios de linguagem na língua portuguesa falada no Brasil são fenômenos presentes e podem ser explicados sob uma perspectiva linguística. Diversos fatores, como a busca pela ênfase, a influência de outros processos linguísticos, regionalismos, falta de conhecimento lexical e gramatical, além da busca por simplificação, podem estar envolvidos nesses vícios. É importante ter em mente que a língua é um organismo vivo e, portanto, sujeita a evoluções e transformações. No entanto, para uma comunicação mais efetiva, é necessário estar atento a esses vícios e buscar um uso adequado da língua portuguesa.