Uma entidade chamada ansiedade
Desde pequeno, lido com uma ansiedade avassaladora que me faz questionar todas as minhas ações e decisões. Minha mente sempre foi um campo de batalha onde pensamentos intrusivos e pessimistas se confrontam. A ansiedade me dominava, me levava a um estado constante de preocupação e medo. Mas agora, algo novo estava acontecendo.
Essa nova pessoa que surgiu em mim não era eu mesmo, pelo menos não como eu me conhecia. Ela era silenciosa, observadora. Sentia-me sendo observado o tempo todo, como se alguém estivesse escondido nas sombras, acompanhando cada passo que eu dava. Não conseguia escapar dessa sensação de vigilância constante.
Percebi que essa nova pessoa estava ligada aos meus pensamentos. Enquanto anteriormente eles pareciam ser apenas fruto da minha ansiedade, agora eles ganhavam vida própria. Comecei a questionar se tudo o que eu pensava realmente vinha de mim ou se era influenciado por essa entidade misteriosa que havia nascido dentro de mim.
A busca por respostas se tornou minha obsessão. Passei noites em claro, lendo livros e pesquisando na internet sobre casos semelhantes ao meu. Encontrei relatos de pessoas que alegavam ter personalidades múltiplas, onde diferentes entidades coexistiam em uma mesma pessoa. Seria esse o meu caso? Seria eu uma espécie de hospedeiro para essa nova entidade?
À medida que mergulhava mais fundo nesse mistério, percebi que essa outra pessoa não era apenas uma observadora. Ela tinha o poder de influenciar meus pensamentos e ações. Em momentos de maior ansiedade, ela se tornava mais presente e assertiva, me levando a tomar decisões arriscadas e impulsivas. O que eu mais temia estava acontecendo: eu estava perdendo o controle de mim mesmo.
O clímax dessa história ocorreu em uma noite tempestuosa. Encontrei-me em um beco escuro, cercado por sombras ameaçadoras. A sensação de ser observado era avassaladora. Eu sabia que precisava enfrentar essa outra pessoa, confrontá-la de alguma forma. Com uma coragem repentina, gritei ao vazio, desafiando-a a se revelar.
Nesse momento, a escuridão ao meu redor se dissipou e uma figura sombria emergiu das sombras. Seus olhos brilhavam com uma energia sinistra, enquanto ela me encarava com um sorriso de satisfação. Era uma mulher, de aparência etérea e enigmática. Sua voz sussurrante ecoou em minha mente, afirmando que ela era o reflexo da minha própria ansiedade.
Fiquei atônito, sem palavras. A ansiedade sempre foi parte de mim, mas agora ela havia ganhado forma física. A mulher revelou que estava dentro de mim o tempo todo, alimentando-se dos meus medos e inseguranças. Ela era a personificação de tudo o que eu temia.
A solução para esse mistério não estava em confrontá-la ou tentar eliminá-la, mas sim em aprender a conviver com ela. Aceitar que a ansiedade é parte da minha existência e encontrar maneiras de controlá-la. Não haveria final feliz, mas sim um aprendizado contínuo.
Após esse encontro intenso, o mistério em torno dessa outra pessoa começou a se dissipar. Aceitei minha condição e comecei a buscar ajuda profissional para lidar com a ansiedade. Aos poucos, fui ganhando controle sobre meus pensamentos e aprendendo a viver com a coexistência dessa entidade misteriosa dentro de mim.
Hoje, não posso dizer que a ansiedade desapareceu completamente, mas aprendi a usá-la como uma força motriz para o crescimento pessoal. A convivência com essa outra pessoa se tornou menos assustadora e mais construtiva. Aprendi a reconhecer seus sinais e a tomar decisões mais conscientes.
Embora a história não tenha um final feliz no sentido clássico, encontrei um equilíbrio dentro de mim. Acredito que todos nós temos nossos próprios mistérios internos, entidades invisíveis que moldam nossa personalidade e experiência de vida. Aprendi que a chave para lidar com eles está na aceitação e na busca contínua por autoconhecimento.
E assim, continuo minha jornada, enfrentando os desafios de ser humano e desvendando os segredos que surgem em minha mente e coração. Cada dia é uma oportunidade de crescer e aprender, de abraçar as incertezas e seguir em frente. Pois, afinal, a vida é um mistério que nunca deixará de nos surpreender.