É experiência aquilo que nos passa ou que nos toca?

Na vida, muitas vezes nos perguntamos se nossas experiências nos definem ou se nós as definimos. Esta é uma pergunta complexa sem resposta fácil. No entanto, é importante considerar como nossas experiências moldam nossas vidas e como podemos aprender com elas.

Isso significa que nossa interpretação do vivido ou experimentado pode desempenhar um grande papel em como isso nos afeta. Se escolhermos aprender com nossas vivências, podemos crescer e nos tornar pessoas melhores como resultado. Por outro lado, se insistirmos nos aspectos negativos delas, podemos nos tornar amargos e ressentidos. A maneira como reagimos a elas é que faz a diferença.

Experiência vs. Experiência positiva

A experiência é um tanto quanto confusa e ambígua, pois podemos considerar duas definições diferentes para o mesmo conceito. Uma delas é a soma de todos os acontecimentos, bons ou ruins, da sua vida até agora. A outra é a resposta da sua mente e do seu corpo a algum evento atual. Por exemplo, você pode ter tido uma infância difícil mas hoje está feliz e estável.

Isso significa que sua experiência não foi positiva. Por outro lado, quando está na floresta e experimenta a beleza das árvores e do ar fresco, esta vivência é positiva. Esse é um bom exemplo de como as duas definições diferem uma da outra. A experiência pode ser a soma de todas as suas vidas anteriores, mas também pode ser a resposta do seu corpo e da sua mente a algum acontecimento.

A experiência que nos toca ou que nos passa é aquela em que experimentamos algo de forma intensa e a intensificamos através da nossa mente. Ela é bastante forte quando toca alguém.

Por exemplo, uma pessoa pode ter tido um cachorro quando era criança e ter uma boa lembrança desse período da vida. Essa vivência tocou-a, pois foi muito intensa. Mesmo que ela talvez tenha acontecido há muitos anos, ela ainda é lembrada com clareza. Por exemplo, se você conheceu um amigo da escola quando tinha 9 anos, essa lembrança passada seria sua reunião com esse amigo. Ela tocou-o, pois ainda guarda as memórias dessa época da vida.

A experiência positiva é aquela em que você usa seus recursos internos para transformar algo normal experimentado em algo agradável. Por exemplo, você pode ir à feira e ter uma vivência normal por assim dizer, mas se tentar ver o lado bom disso — por exemplo, comprar frutas baratas, ter um dia agradável, etc. — você a transforma em uma vivência positiva.

A vivência negativa também pode ser transformada através do seu processo interno de transformação. Por exemplo, um empregador pode fazer uma pergunta estúpida durante uma entrevista de emprego e isso pode transformar essa sensação de experimentar algo negativo em algo positivo. Você não precisa aceitar as coisas como são e pode usar seus recursos internos para mudar a forma como elas tocam você.

Experiência é o mesmo que conhecimento?

A experiência é o melhor professor, como dizem. E é verdade – aprendemos mais com nossos erros e nossos sucessos do que jamais poderíamos apenas lendo sobre eles em um livro. É ela que nos dá a sabedoria para fazer melhores escolhas no futuro. É o que nos ajuda a crescer e nos tornar versões melhores de nós mesmos.

Então, sim, a experiência é o que acontece conosco. Mas também é assim  porque nos toca. Ela pode ser tão profunda e intensa que talvez leve anos para você processar completamente o que aconteceu.

Na escola, talvez você se lembre mais da palavra “conhecimento” do que “experiência”, mas a diferença entre as duas é apenas uma questão de grau – afinal, toda experiência é um conhecimento.

Mas a verdade é que elas têm propósitos diferentes quando falamos sobre educação e aprendizagem. Conhecimento é um registro dos fatos e fácil de recordar. Já a outra é uma emoção, algo que você sentiu e experimentou. E é mais difícil de explicar.

Então, quando as pessoas dizem que algo é “apenas uma experiência” elas querem dizer que não há muito a fazer com a situação além de vivê-la. Ela não representa um conhecimento tão fixo quanto uma informação. A palavra “experiência” também pode substituir um julgamento negativo sobre uma lembrança ruim – por exemplo, “experimentar bullying na escola fez uma pessoa se sentir fraco e desprovido de empolgação”, contudo isso poderia ser mudado para “experimentar bullying na escola fez a pessoa se sentir forte em seu interior”. Isso muda o julgamento e mostra como a vivência pode ser usada para aprender e crescer.

Experiência é também um termo usado para falar sobre algo que uma empresa ou marca tem – por exemplo, “fazer experiências de engajamento com o público” significa questionar, experimentar e testar. Dizer “tenho mais de 10 anos de experiência em marketing” significa que você tem uma quantidade considerável de conhecimento acumulado sobre marketing, incluindo habilidades específicas, habilidades gerais e até vivências dolorosas (como aquele projeto que virou um grande fracasso…).

Há ainda a experiência no laboratório que podemos dizer ser destinada a uma causa maior. O que se faz no laboratório é um grande experimento, porque lá se experimenta constantemente coisas novas, tentando descobrir o que funciona e o que não funciona, o que pode curar ou não um determinado surto por exemplo. Assim, trabalhar no laboratório sem dúvida é uma vivência valiosa, porque permite aprender coisas novas e aplicar o que se aprende em um ambiente do mundo real.

Experiência e experimentação

Esses termos podem realmente ser a mesma coisa? Na verdade, não. Alguém pode ter experiência sobre algo sem jamais ter experimentado. Por exemplo, você pode ter mais de 20 anos de experiência com computadores sem nunca ter consertado um deles. Ou ter experiência com uma determinada marca sem jamais ter trabalhado nela.

Então, experimentar equivale a ir mais além do que conhecimento? Pode ser. Pode-se argumentar que a experimentação é mais sobre “sentir” ou ter uma vivência emocional do que raciocínio lógico.

Por exemplo: experimentou o carro novo ou a nova empresa, mas não tiveram qualquer vivência com o funcionamento dos mesmos. Então, experimentar parece ser um conceito mais abrangente do que experiência? Depende. Para alguns, experimentar é apenas um conceito mais abrangente para “sentir”. Para outros, experimentar pode contemplar qualquer atividade humana — desde sentir até raciocinar.

Mas há quem defenda que experimentar é um conceito mais restrito do que experiência. Para eles, só é possível tê-la se houver algo emocionalmente marcante, positivo ou negativo. Portanto, experimentar vai ter um sentido mais restrito do que a outra. Qual dos sentidos desses dois verbos é mais comum? Experimentar é mais comum. Na verdade, experimentar é um verbo e experiência um substantivo. Os estudiosos de língua sugerem que o mais comum dos dois é experimentar.

Por que nossas experiências interferem na forma como vemos

Como é possível ver, são elas que moldam a maneira como vemos o mundo e as pessoas nele. Elas podem ser positivas ou negativas, mas de qualquer forma elas influenciam nossa percepção. É importante estar ciente disso para que possamos escolhê-las e ver quais focar e quais deixar de lado. As que são significativas para nós e com as quais podemos aprender são aquelas que devemos manter perto de nós. As que não nos servem podem ser deixadas para trás.

Entretanto, existem aquelas que estão fora do nosso controle e que podem ter um impacto negativo sobre nós. Mas também é verdade que podemos escolher como interpretar e responder a elas, e o como fazemos isso pode ter um impacto profundo em nossas vidas.

Em suma, as experiências podem ser perigosas, mas também podem ser enriquecedoras e transformadoras como vimos acima.

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